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Economistas reduzem previsão de inflação, PIB e dólar para este ano

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Dólar sobe com ajustes após Powell dovish, mas queda em IPCA na Focus alivia



Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil/Arquivo
O dólar subiu com ajustes após Powell dovish 25 de agosto de 2025 | 10:10

Dólar sobe com ajustes após Powell dovish, mas queda em IPCA na Focus alivia

O dólar sobe e limita a queda dos juros futuros assim como a valorização dos rendimentos dos Treasuries, em ajustes após as perdas na sexta-feira (22) com o discurso considerado “dovish” do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicando possível corte de juros já em setembro.

A curva de juros é pressionada pela melhora nas expectativas de inflação de 2025 a 2027 no boletim Focus.

Na Focus, a projeção suavizada de IPCA 12 meses à frente passa de 4,36% para 4,34%; a mediana de IPCA 2025 caiu de 4,95% para 4,86%, acima do teto da meta; e para o IPCA 2026, de 4,40% para 4,33%.

A confiança do consumidor (ICC) recuou 0,5 ponto em agosto ante julho, a 86,2 pontos, com ajuste, segundo a FGV.

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) teve queda de 0,13% na 3ª quadrissemana de agosto, após alta de 0,09% na quadrissemana anterior. Com o resultado, o índice acumula alta de 4,08% nos últimos 12 meses e de 2,93% no ano.

Na seara fiscal, o projeto de lei que isenta de Imposto de Renda (IR) os brasileiros com renda mensal de até R$ 5 mil deve ser aprovado com apoio amplo na Câmara dos Deputados, mas a oposição pretende derrubar as medidas para compensar a perda de arrecadação alegando evitar o aumento de impostos, segundo O globo.

O mercado avalia no campo político também a notícia de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), admite ser candidato à presidência nas eleições de 2026.

Apesar de cair 0,97% na sexta a R$ 5,4258, o dólar à vista ainda acumulou alta de 0,52% ante o real na semana passada. Isso por conta da disparada a R$ 5,50 no fechamento da última terça-feira, decorrente das tensões políticas entre Brasil e EUA, com as sanções americanas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No mês, a moeda americana recua mais de 3%, com desvalorização anual de 12,21% ante a brasileira.

Na agenda desta segunda-feira, 25, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o presidente da Nigéria e anuncia uma linha de crédito voltada à indústria 4.0 às 16h. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participa de evento no México com dirigentes do Fed. A semana ainda é marcada pelas expectativas em torno do julgamento de Jair Bolsonaro no STF, que começa em 2 de setembro, e o temor de novas sanções dos EUA ao Brasil.

No radar econômico estão o IPCA-15 de agosto, nesta terça-feira, 26, e dados fiscais, como o relatório da dívida pública na quarta (27), o resultado primário do governo central na quinta, e os dados do setor público consolidado de julho, na sexta-feira, 29.

No exterior, o destaque é o índice de preços de gastos com consumo (PCE) de julho, principal indicador de inflação do Federal Reserve, na sexta-feira, além de discursos de dirigentes do Fed ao longo da semana, e o balanço da Nvidia na quarta-feira Na zona do euro, a ata do BCE sai na quinta e dados de PIB da Alemanha, França e Itália na sexta-feira.

Na manhã desta segunda, a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que a Europa precisa de mais investimentos e reconheceu que os EUA lideram em inovação em alguns setores, enquanto a Europa se destaca no setor verde.

Na China, o índice CSI 300, que reúne ações blue chips da China, subiu 2,08%, alcançando 4.469,22 pontos, maior nível desde julho de 2022, após o rali em Wall Street na sexta e a valorização de ações do setor imobiliário chinês, depois que Xangai relaxou algumas restrições para a compra de residências.

A endividada incorporadora imobiliária chinesa Evergrande teve as negociações de suas ações cancelada na Bolsa de Hong Kong nesta segunda-feira.

Silvana Rocha/Estadão Conteúdo



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‘Brasil precisa abrir os olhos e mostrar um cartão vermelho aos chineses’, diz bilionário da mineração



Foto: Divulgação/Arquivo
Robert Yüksel Yıldırım, 65 anos, bilionário turco do setor mineral, dono da holandesa Corex Holding, questiona o avanço chinês nos minerais críticos 25 de agosto de 2025 | 14:14

‘Brasil precisa abrir os olhos e mostrar um cartão vermelho aos chineses’, diz bilionário da mineração

Robert Yüksel Yıldırım, dono da Yıldırım Group, um conglomerado com presença em setores como mineração, logística, energia e transporte marítimo, não aceita a derrota que sofreu para os chineses em uma negociação brasileira de níquel.

O executivo turco classifica a operação como uma “virada mundial” no comércio deste mineral crítico usado pela indústria na transição energética. Yıldırım diz que uma de suas empresas, a Corex Holding, fundada na Holanda, fez uma oferta de US$ 900 milhões para comprar os negócios de níquel que a multinacional Anglo American detinha em Goiás, além de outros projetos novos no Pará e Mato Grosso.

A Anglo, porém, fechou negócio com a chinesa MMG (China Minmetals Group), por US$ 500 milhões. “Não sou contra a empresa chinesa, mas contra essa decisão. Nunca vi um vendedor recusar um preço maior. Eu ofereci US$ 900 milhões e não aceitaram o meu dinheiro”, diz ele.

Em entrevista à Folha, o rei do cromo, como é conhecido internacionalmente diz que o Brasil está vendendo seu subsolo aos chineses sem pensar no futuro. “Quem controla o níquel, controla muito do futuro”. Yıldırım acionou a Comissão Europeia para tentar uma investigação sobre o negócio e quer que o Cade também apure a operação.

Por que o senhor é contra a venda dos ativos de níquel da Anglo American no Brasil para a chinesa MMG?

Eu não sou contra a venda dos ativos de níquel para a MMG, mas esperava um tratamento justo e uma explicação. Havia muitos interessados. No fim, me escolheram para a fase final, ao lado de uma empresa chinesa. As negociações começaram e eu estava empenhado. Era um dos melhores ativos do mundo. Seria um divisor de águas. Mas decidiram pela proposta chinesa.

O que essas minas significavam para sua empresa?

O negócio era um dos maiores do mundo, com 40 mil toneladas de níquel contido na produção de ferroníquel. Meu plano era que 80% dessa produção fosse destinada ao mercado brasileiro, aos Estados Unidos e à Europa. Os demais 20% iriam para a China. Conversei com autoridades na Europa e nos EUA, elas apoiaram nosso plano de negócios.

Mas não se trata de uma decisão privada?

Sim, mas quando saiu o comunicado deles em 18 de fevereiro deste ano, anunciaram a venda para a MMG por US$ 500 milhões. Acontece que eu havia oferecido US$ 900 milhões. A MMG é uma empresa estatal.

O que alegaram para escolher a estatal chinesa?

Não sei responder a essa pergunta. Tentei falar com o CEO, o Duncan (Duncan Wanblad, presidente da Anglo American), na Flórida, durante uma conferência. Ele disse que me encontraria, mas nunca me encontrou, não atendeu as minhas ligações, nem mensagens. Fiquei desapontado.

O que fez a partir daí?

Investiguei e fiquei mais preocupado. Na divulgação da Anglo American, dizem que houve processo competitivo, o que é correto. Mas a decisão final não foi fundamentada. Minha oferta era de US$ 900 milhões. Ignoraram isso. Disseram que escolheram um ofertante com bom histórico em mineração. Eu também tenho isso. Tenho mais de dez companhias de mineração. Disseram que a empresa chinesa respeita ESG. Eu tomo crédito em bancos europeus e americanos. Todos cobram ESG com rigor. Cheguei a sugerir ampliar os investimentos na fase de negociação, eles disseram “não, não aumente, seu preço já é bom”.

Houve recusa de aumento de proposta?

Sim, e isso gerou um grande ponto de interrogação. Foi a primeira vez que vi isso e já comprei empresas em 58 países. Nunca vi um vendedor recusar aumento de preço. Pediram carta bancária, entreguei. Não viram problema de financiamento. Ainda assim, ficamos de fora. Isso me feriu muito.

A MMG é estatal. O senhor sente que está enfrentando um Estado?

Não estou enfrentando ninguém, só tentando obter uma explicação. Disseram que eu não devia fazer declarações públicas, que havia um NDA (acordo de confidencialidade) e eu não deveria falar, mas a concorrência acabou. Eles devem uma explicação. A Anglo tem capital aberto, muitos acionistas. Eu sou acionista, meus amigos têm ações. Eles precisam explicar por que recusaram US$ 400 milhões a mais.

Sua empresa fez queixa à Comissão Europeia?

Sim. A Anglo American é listada na Europa, é uma companhia global. Eles precisam de aprovações concorrenciais. Tenho uma empresa europeia e quero protegê-la contra a pressão dos players chineses de níquel, que derrubam preços. Muitos ativos estão parados ou à venda na Austrália, África, América Latina.

O senhor também acionou o Cade?

Quero pedir às autoridades brasileiras que, ao revisar essa venda, reflitam não uma, mas cinco vezes. Esse é o primeiro caso no Brasil, mas há outros projetos. Essa venda deve ser bloqueada, porque, no futuro, toda produção irá para a China. O Brasil está emergindo como ator chave nessa disputa geopolítica por minerais críticos. Quem controla o níquel, controla muito do futuro, talvez não hoje, mas em 10, 15 ou 20 anos. De nosso lado, estamos avançando.

Há poucos dias, participamos do processo da BHP no Brasil e vencemos a disputa por um projeto de cobre em Carajás (PA). Entramos no mercado brasileiro. É um negócio de US$ 465 milhões. Vamos desenvolver novas minas e ampliar a produção. Se conseguirmos acesso a eletricidade de baixo custo no Brasil, talvez façamos investimentos de maior valor agregado em refinaria e metalurgia de cobre no país.

Que outros minerais críticos interessam no Brasil?

Níquel, cobre, vanádio e nióbio. Esses quatro elementos nos interessam no Brasil.

Como avalia esse estreitamento entre Brasil e China?

Como o Brasil é membro do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a relação com a China é de altíssimo nível. Os presidentes Lula e Xi Jinping são muito próximos. Por isso, fico um pouco em dúvida se haverá reação das autoridades brasileiras a essa venda de níquel para a MMG.

Dá para virar o jogo?

Só há uma forma. O Brasil e sua autoridade antitruste precisam abrir os olhos e mostrar um cartão vermelho aos chineses, dizendo “vocês compraram muito barato, não sabemos se farão tudo certo. Há um investidor europeu pronto para vir, com melhor oferta.” Podemos nos sentar com a Anglo American, superar o preço dos chineses e fazer tudo certo.

Raio-X – Robert Yüksel Yıldırım, 65

Dono da Yıldırım Holding, um dos maiores grupos industriais da Turquia; e controlador da Corex, que atua no setor de minerais críticos. Conhecido como rei do cromo, tem participação acionária em grandes companhias de navegação, como a francesa CMA CGM.

André Borges, Folhapress



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China admite ampliar compra de soja dos EUA e liga alerta no Brasil



Foto: Reprodução/X
O embaixador da China em Washington, Xie Feng 25 de agosto de 2025 | 17:30

China admite ampliar compra de soja dos EUA e liga alerta no Brasil

A China divulgou no fim de semana um discurso de seu embaixador em Washington, Xie Feng, em que ele defende a retomada da cooperação sino-americana no comércio de soja.

“Por anos, metade da soja americana exportada era vendida para a China”, disse Xie, durante evento de sexta (22) no Conselho de Exportação de Soja dos Estados Unidos.

“Na soja, podemos ver que a China e os EUA têm a ganhar com a cooperação e a perder com o confronto. No primeiro semestre, as exportações de soja dos EUA para a China caíram 51% em relação ao ano anterior”.

Xie culpou a escalada tarifária do presidente Donald Trump, sem citá-lo pelo nome, pelo resultado no semestre. “O crescente protecionismo lançou uma sombra sobre nossa cooperação agrícola”, disse.

“Como maiores importadores e exportadores mundiais de produtos agrícolas, respectivamente, China e EUA são parceiros naturais. A agricultura foi uma das primeiras áreas de cooperação e também uma das mais frutíferas. Vamos buscar resultados vantajosos para ambos, para que nossa cooperação agrícola continue florescendo”, conclamou, ao final.

Na terça (19), a Associação Americana de Soja, representante dos agricultores, havia enviado uma carta a Trump, após ele defender em sua plataforma, Truth Social, que a China quadruplique as compras de soja americana.

“Nós agradecemos a sua postagem, reconhecendo a robusta safra produzida pelos fazendeiros de soja e instando a China a quadruplicar as importações”, afirma o texto. “Infelizmente para os nossos produtores de soja, a China firmou um contrato com o Brasil para atender às necessidades dos próximos meses, evitando a compra de soja dos EUA”.

Argumenta que, devido às tarifas chinesas adotadas em retaliação àquelas de Trump sobre produtos chineses, a soja americana enfrenta “uma taxação 20% maior do que a América do Sul”.

Logo após a eleição americana, a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina já alertava, em visita a Pequim, ser preciso “acompanhar muito de perto” as conversas entre China e Trump, porque ele “gosta de negociar e pode impor produtos agrícolas à China”.

Soja não é o único tópico em negociação entre Pequim e Washington. Segundo a Bloomberg, a Boeing está perto de conseguir uma encomenda de 500 aviões, das companhias aéreas chinesas, como parte de um acordo comercial mais amplo entre os dois países.

Seria um retorno da empresa americana ao mercado chinês, do qual foi afastada em 2019 depois dos acidentes com o modelo 737 Max. Nos últimos seis anos, vendeu apenas 30 aviões no país.

O Brasil é o maior fornecedor de soja para a China. A China, o maior importador de safras do mundo, já obtém cerca de 70% de suas importações de soja do Brasil.

A guerra comercial de Trump prejudicou as vendas norte-americanas de soja, sorgo e produtos suínos à China e criou uma oportunidade para o Brasil.

Em maio, Luis Rua, que supervisiona o comércio exterior do Ministério da Agricultura brasileiro, afirmou que o Brasil pretende exportar ainda mais produtos agrícolas para a China, incluindo sorgo, carne suína e frango, e conquistar participação de mercado.

Nelson de Sá/Folhapress



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Campos Neto diz não ver hoje capacidade de o País ter taxa de juros muito abaixo do nível atual



Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil/Arquivo
O ex-presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto 25 de agosto de 2025 | 17:45

Campos Neto diz não ver hoje capacidade de o País ter taxa de juros muito abaixo do nível atual

O ex-presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 25, que não acredita que o Brasil tenha capacidade de ter uma taxa básica de juros muito abaixo do patamar atual. Durante participação no Seminário Brasil 2025 do Grupo Esfera Brasil, o ex-banqueiro central disse que a saída passa por um “choque fiscal positivo” que deve ser possibilitada por um “novo regime”.

“Um choque fiscal positivo eu poderia definir como alguma mudança na perspectiva da credibilidade fiscal … A partir de um dado momento, vai haver um novo regime, e esse novo regime com credibilidade faz com que as curvas de juros longas possam cair”, disse Campos Neto. “As curvas longas caindo, abrem espaço para a gente entrar num processo de queda de juros.”

Ele destacou que é muito difícil, utilizando a história da política monetária como contexto, visualizar o BC cortar juros quando a taxa longa está muito alta. Ele observa que, em geral, o instrumento que mede a capacidade de reduzir juros e propagar a queda ao longo da curva é justamente a sua parte longa, de modo que, se ela sobe, o espaço para cortes adicionais permanece bastante limitado.

Campos Neto ponderou que houve alguns episódios na história (2015 e 2016) em que isso aconteceu, explicando que, quando “se força” uma queda de juros com a taxa longa em alta, a queda acontece, mas depois o porcentual volta a subir, de modo que geralmente se termina em um patamar maior do que antes do início do ciclo. Por isso, ressaltou, é importante iniciar um novo ciclo com credibilidade.

“Hoje eu não vejo capacidade de o Brasil ter uma taxa de juros muito abaixo. No curto prazo, provavelmente, a gente vai poder cair os juros, mas para ter juros estruturalmente mais baixos é preciso ter um fiscal estruturalmente diferente”, continuou o ex-presidente do BC. “Quando pegamos as bases de dados de países e fazemos análise cross-section, o que vemos é cenário de crédito subsidiado bastante alto.”

Campos Neto disse que em breve os juros podem cair um pouco, mas não vai alterar a trajetória da dívida. Ele ressaltou que espera um governo com máquina e carga tributária menores, em diálogo com o Congresso Nacional e com o Supremo Tribunal Federal (STF), vide questões que podem ser “judicializadas”.

Geovani Bucci e Francisco Carlos de Assis, Folhapress



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Entidade dos EUA pede a Trump intervenção em venda de planta de níquel no Brasil para a China



Foto: Divulgação/Anglo American
Instalações da mineradora Anglo American nas imediações da cidade de Barro Alto, no estado de Goiás 25 de agosto de 2025 | 18:17

Entidade dos EUA pede a Trump intervenção em venda de planta de níquel no Brasil para a China

O Instituto Americano de Ferro e Aço (AISI) afirmou ao governo Donald Trump que a concretização da venda de plantas de níquel no Brasil para a MMG, um braço da estatal China Minmetals Corporation, daria aos chineses “influência direta” sobre grande parte das reservas internacionais e potencializaria “vulnerabilidades na cadeia de suprimentos para esse mineral crítico”.

A associação, que representa o setor do ferro e do aço nos Estados Unidos, pediu ainda que o governo americano leve à administração brasileira preocupações em relação à concretização da aquisição e aos riscos de concentração de controle de mercado.

“É essencial que o Governo do Brasil explore alternativas que preservem a propriedade orientada pelo mercado desses ativos estratégicos de níquel e garantam que o acesso futuro a esse mineral crítico continue aberto e justo”, disse o instituto, em carta endereçada ao USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA).

A manifestação da AISI foi protocolada em 18 de agosto, no âmbito de uma investigação comercial aberta pela gestão Trump contra o Brasil. O documento foi revelado pelo jornal Valor Econômico e confirmado pelo jornal Folha de S.Paulo.

“Se [a venda] for bem-sucedida, a China obterá influência direta sobre uma parte substancial das reservas de níquel do Brasil, além de sua posição dominante na produção da Indonésia, agravando as vulnerabilidades já existentes na cadeia de suprimentos desse mineral crítico”, argumentou o AISI.

A apuração do USTR mira supostas práticas injustas do Brasil nas áreas de comércio digital e serviços de pagamento eletrônico; tarifas preferenciais a outros sócios comerciais; aplicação de medidas anticorrupção; proteção da propriedade intelectual; acesso ao mercado de etanol e desmatamento ilegal.

A investigação permitiu que até 18 de agosto empresas e associações apresentassem demandas à administração Trump sobre diversos setores no âmbito da relação bilateral com o Brasil— o que foi feito pela AISI.

A Anglo American, multinacional de origem sul-africana e britânica, decidiu vender no início deste ano sua planta de níquel em Barro Alto (GO) para a MMG. Além da unidade nessa cidade, entraram na negociação outra planta em Niquelândia (GO) e dois projetos novos de exploração, no Pará e em Mato Grosso.

O negócio avaliado em US$ 500 milhões, o equivalente a mais de R$ 2,7 bilhões, marca a entrada da chinesa MMG no mercado brasileiro de níquel, ampliando o alcance de Pequim sobre um insumo considerado vital para a transição energética.

A transação entre a Anglo American e a MMG pode virar processo em apuração pela Comissão Europeia. No Brasil, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) acaba de ser acionado.

Os riscos de uma concentração excessiva do mineral nas mãos dos chineses é o principal argumento na carta da AISI, assinada por seu presidente, Kevin Dempsey.

“As reservas globais de níquel estão concentradas em apenas alguns países, sendo a Indonésia detentora das maiores reservas, seguida pela Austrália e pelo Brasil. Como resultado de investimentos substanciais da China nas reservas e na produção de níquel na Indonésia, a China já controla uma parte significativa da produção global de níquel”, afirmou.

Ele disse ainda que as negociações no Brasil ocorrem num momento em que os EUA enfrentam “práticas distorcivas de mercado” por parte da China, especialmente na área de minerais críticos.

“Produtores americanos de aço inoxidável veem a aquisição atualmente proposta como um esforço da China para fortalecer ainda mais seu controle sobre o fornecimento global de níquel”, afirmou.

Ricardo Della Coletta/Folhapress



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