“Verivérbio”: novo espetáculo do BTCA busca inspiração na potência da comunicação e da palavra


"Verivérbio": novo espetáculo do BTCA busca inspiração na potência da comunicação e da palavra
“Verivérbio”: novo espetáculo do BTCA busca inspiração na potência da comunicação e da palavra

Foto: Jean Teixeira

O Balé Teatro Castro Alves (BTCA) está em processo de construção de sua nova montagem “Verivérbio”, uma criação inédita que investiga a força da fala, da escuta e das múltiplas linguagens que atravessam o corpo. A obra, que tem concepção, coreografia, dramaturgia e direção assinada pelos convidados Michael Bugdahn e Denise Namura, aprofunda a política de intercâmbio e colaboração artística que o BTCA vem desenvolvendo ao longo dos últimos anos. A nova montagem tem estreia marcada para o período de 29 de novembro e 05 de dezembro, no Sesc Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador.

Nesta nova criação, o ponto de partida é o ato de falar: não apenas como emissão de palavras, mas como expressão integral do corpo, do gesto, do pensamento e do silêncio. A proposta explora a comunicação como campo estético e político, atravessando o riso da farsa, a magia da palavra encantada e as pausas que também dizem. A dança emerge como uma “fala sem voz”, capaz de revelar sentidos que muitas vezes escapam ao discurso verbal.

“O ponto de partida dessa criação é falar sobre a fala, sobre a comunicação. Trabalhamos com línguas do mundo todo, incluindo aquelas que existem no território brasileiro. Algumas estão vivas, outras correm risco de desaparecer. Isso nos leva a refletir sobre o que se perde quando uma língua desaparece”, explica Michael Bugdahn, convidado pelo BTCA para a concepção do espetáculo.

Verivérbio provoca o público a refletir sobre como nos comunicamos e como deixamos de nos comunicar. A obra tensiona os limites entre corpo e linguagem, abordando desde a diversidade linguística do Brasil, onde coexistem centenas de línguas indígenas, até questões contemporâneas como a perda da escuta, a aceleração das conversas e a mediação constante pelas redes e tecnologias.

Denise Namura, que faz dupla com Michael na concepção da montagem, reforça a reflexão sobre a fala e o movimento, as expressões das palavras e do corpo: “É sobre língua, palavra, comunicação e não comunicação. Sobre como hoje as pessoas falam umas sobre as outras, não se escutam mais. E sobre o que o corpo consegue dizer quando a palavra falha”.

A trilha do espetáculo é inspirada majoritariamente em músicas de Caetano Veloso, cuja relação poética com som e significado dialoga com o universo da criação. “Caetano é um mágico quando brinca com as palavras. Ele traz delicadeza, força e invenção para a cena”, afirma Bugdahn.  

O Balé Teatro Castro Alves (BTCA) é corpo artístico mantido pelo Teatro Castro Alves (TCA), Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e Secretaria de Cultura do Governo do Estado da Bahia (Secult-BA).  

Michael Bugdahn – Bailarino e coreógrafo alemão radicado em Paris e cofundador da Companhia À Fleur De Peau (1989). Ao lado de Denise Namura, criou cerca de cinquenta coreografias para companhias no Brasil e na Europa, incluindo São Paulo Companhia de Dança, Balé da Cidade de São Paulo, Cisne Negro e Bernballett. Seu trabalho circula internacionalmente, com apresentações em mais de vinte países e participação em grandes festivais.

Denise Namura – Bailarina e coreógrafa brasileira radicada em Paris desde 1981, fundou em 1989 a Companhia À Fleur De Peau, onde cria e interpreta obras em parceria com Michael Bugdahn. Juntos, produziram cerca de cinquenta coreografias apresentadas no Brasil e na Europa e também atuam como coreógrafos convidados. Premiada diversas vezes, mantém um repertório em circulação internacional e, desde 1984, dedica-se ao ensino de dança para profissionais, amadores e crianças.