
Em meio às negociações globais que marcam a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), o Governo da Bahia vem ampliando o diálogo com parceiros nacionais e internacionais ao apresentar ações estruturantes conduzidas pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). A conferência segue até sexta-feira (21), em Belém (PA).
Nas discussões desta semana, a Bahia compartilhou avanços em transição energética, recaatingamento, conservação marinho-costeira e apresentou o Projeto PROT’AIR, iniciativa desenvolvida em parceria com a França para fortalecer o turismo sustentável e a gestão de áreas protegidas.
Na segunda-feira (17), a superintendente de Inovação e Desenvolvimento Ambiental da Sema, Maiana Pitombo, iniciou a semana de atividades na COP30 destacando que a missão da Bahia e dos estados do Nordeste é garantir uma transição energética verdadeiramente justa. Segundo ela, a regulamentação é essencial para oferecer segurança jurídica aos investidores e assegurar que as comunidades locais sejam beneficiadas.
“A Bahia, pioneira com sua Política Estadual de Transição Energética, avança agora na regulamentação e na criação de polos de transição. O estado também trabalha na estruturação do mercado de carbono, reforçando uma agenda contínua, fortalecida recentemente pela autorização para 110 vagas em concurso público na área ambiental”, afirmou Pitombo.
Por fim, a superintendente enfatizou que o Consórcio Nordeste e o Plano Brasil Nordeste de Transformação Ecológica têm sido decisivos para alinhar ações entre os estados, garantindo que a transição energética impulsione desenvolvimento, renda e justiça social em toda a região.
Turismo Sustentável e Áreas Protegidas França-Bahia
Nesta terça-feira (18), a Sema e o Inema participaram de um debate com o Consórcio Nordeste, a Federação dos Parques Naturais Regionais da França, a Aliança Futuri, WWF e a Rede Trilhas, com foco na cooperação internacional para o fortalecimento do turismo sustentável em áreas protegidas.
Durante o encontro, o coordenador de Unidades de Conservação do Inema, Mateus Camilo, destacou a relevância das APA Litoral Norte e APA Mangue Seco, que integram a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. “Temos 12 postos avançados instalados entre Salvador e Sergipe, voltados ao turismo regenerativo e à vivência direta com a comunidade e a biodiversidade locais”, afirmou.
Mateus também apresentou os avanços na implantação da primeira trilha de longo curso da Bahia, localizada na região de Divisa, na Chapada Diamantina. “O Inema estrutura, por meio de um grupo de trabalho interno, o plano de ação da trilha, que terá cerca de 40 quilômetros e integrará duas Unidades de Conservação, a APA Serra do Barbado e a área das nascentes do Rio de Contas, em articulação com atores locais e parceiros do território”, completou.
Ele ressaltou ainda o PROT’AIR, iniciativa de cooperação entre Bahia e França voltada ao desenvolvimento do turismo sustentável em áreas protegidas. O projeto tem como área piloto a APA Caminhos Ecológicos da Boa Esperança, no Baixo Sul, englobando os municípios de Valença, Taperoá e Nilo Peçanha, com o envolvimento de comunidades tradicionais.
Presente na COP30, a engenheira agrônoma e voluntária de Solidariedade Internacional da Federação dos Parques Naturais Regionais da França, Morgane Brites, atualmente sediada na Sema, apresentou o modelo dos Parques Naturais Regionais franceses. “A França conta com 59 parques naturais, que juntos representam cerca de 17% do território nacional. Esses territórios reúnem uma impressionante diversidade de paisagens e habitats, montanhas, florestas, áreas úmidas, pomares e zonas litorâneas, e abrigam uma biodiversidade extraordinária”, destacou.
No debate, a superintendente Maiana Pitombo acrescentou que o modelo dos Parques Naturais Regionais da França, envolvendo certificação associada às áreas protegidas, está sendo estudado para adaptação à realidade baiana, com perspectiva de expansão para todo o Nordeste. “Esse movimento pode ser construído em parceria com o Consórcio Nordeste, buscando estruturar uma iniciativa semelhante à adotada no México, com apoio da Federação dos Parques Naturais Regionais da França”, explicou.
Segundo ela, o principal desafio é criar mecanismos que valorizem produtos e serviços associados às áreas protegidas. “No Litoral Norte, por exemplo, grande parte do território está inserida em uma APA. Isso nos permite trabalhar modelos que reconheçam e fortaleçam iniciativas que contribuem para a conservação dessas áreas, que são essenciais para o estado”, ressaltou.
Maiana reforçou ainda que o turismo sustentável oferece alternativas reais ao avanço de práticas predatórias. “Não é preciso desmatar para garantir renda. O turismo, quando bem estruturado, é uma fonte consistente de desenvolvimento para as comunidades. E países como a França, referência em trilhas de longo curso, mostram o quanto esse modelo pode ser transformador”, concluiu.
Fonte: Ascom/Sema




















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