
A celebração em homenagem a Santa Bárbara reuniu milhares de fiéis no Pelourinho, nesta quinta-feira (4), mostrando a força de uma das festas mais importantes do calendário cultural baiano. O Centro Histórico amanheceu tomado de pessoas vestidas de vermelho, cor característica da devoção à santa, protetora contra tempestades, raios e trovões, padroeira dos bombeiros e dos mercados.
Organizada pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, a festa contou com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), por meio do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), reforçando o compromisso do Governo do Estado com a preservação da festa reconhecida como Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2008.
Às seis da manhã, uma alvorada de fogos anunciou o início dos festejos. Depois, a Salva dos Clarins ecoou das sacadas do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI). Em seguida, o padre da Igreja do Rosário dos Pretos, Lázaro Muniz, presidiu a missa campal, celebrada no Largo do Pelourinho, e acompanhada atentamente pelos devotos que agradeceram e renovaram os pedidos.
Entre eles estava a personal trainer Rosane da Luz, 50 anos, que acompanha a festa há mais de três décadas. “Todo ano eu venho agradecer. Santa Bárbara sempre me deu força nos momentos difíceis, e estar aqui hoje, no meio dessa energia, é renovar a fé e a coragem para seguir enfrentando as batalhas que surgem, e não têm sido poucas, viu? Continuo firme por aqui! Por ela e pela saúde do meu filho. Muito obrigada, minha mãe”, relatou.
Este ano, a celebração teve como tema “Com Santa Bárbara, de fronte erguida e rosto sereno, testemunhamos Jesus Cristo, nossa Esperança”, destacando a dimensão espiritual que atravessa séculos. Para o padre Lázaro Muniz, a Festa de Santa Bárbara traduz a espiritualidade popular do povo baiano e ultrapassa os limites da liturgia católica. “Hoje abrimos o ciclo de grandes festas da nossa cidade. Santa Bárbara marca com sua presença, com a espiritualidade católica e dos irmãos de matriz africana, esse ciclo de louvor, graça, beleza, unidade e força feminina”, afirmou.
O prior da Irmandade dos Homens Pretos e Mulheres Pretas, William Justo, destacou o caráter sincrético da celebração.
“Os festejos populares da Bahia se dão a partir do sincretismo religioso. No dia 04 de dezembro, nós acolhemos os devotos de Santa Bárbara, assim como os devotos de Iansã e essa mistura, com suas simbologias e festividades, é que traz esse brilho para a nossa Bahia”, ressaltou.
Para o secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro, o dia 4 de dezembro carrega um simbolismo profundo para o estado. “É uma data muito especial para a Bahia. Nosso estado se pinta de vermelho e une fé, amor e devoção a Santa Bárbara e a Iansã. É a nossa identidade cultural sendo valorizada, com o povo nas ruas pedindo bênçãos, força, determinação e coragem. E nós, do Governo do Estado, temos a responsabilidade de salvaguardar essa festa, que é patrimônio imaterial da Bahia. Aqui está uma celebração respeitosa, que une diferentes religiosidades em torno da fé, do respeito e da esperança por dias melhores para a Bahia e para o Brasil”, declarou.
O diretor-geral do IPAC, Marcelo Lemes, destacou a importância das ações de valorização da festa.‘’A Festa de Santa Bárbara é uma celebração que atravessa gerações e mobiliza toda a cidade. Quando o IPAC apoia essa festa, estamos reafirmando a importância das manifestações que formam a identidade cultural da Bahia. Nosso trabalho é garantir que tradições como esta continuem acontecendo com organização, proteção e valorização, respeitando seus significados religiosos, históricos e simbólicos. É uma responsabilidade que assumimos com muito compromisso, porque essas expressões fazem parte daquilo que a Bahia é e representa para o Brasil”, afirmou.
Fé nas ruas do Centro Histórico
Depois da missa, uma procissão percorreu as ruas Gregório de Mattos, João de Deus, Terreiro de Jesus, Praça da Sé e Ladeira da Praça. Na Barroquinha, o cortejo fez a tradicional parada no Corpo de Bombeiros para homenagear a corporação. Em seguida foi pela Baixa dos Sapateiros, Rua Padre Agostinho e retornou ao Pelourinho, encerrando na Igreja do Rosário dos Pretos.
Após o encerramento das cerimônias religiosas, a festa ganhou ainda mais força nos quatro largos do Pelourinho, onde nove atrações musicais deram continuidade às homenagens. Ao longo da tarde, rodas de samba, grupos tradicionais e artistas da cena afro-baiana movimentaram o Centro Histórico, unindo fé, música e ancestralidade e celebrando Santa Bárbara com alegria, devoção e resistência cultural.
Fonte: Ascom/Secult-BA




















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