
Em meio à paisagem de Monte Santo, o barulho das cascas sendo quebradas na Unidade de Beneficiamento de Derivados do Licuri, da Associação Terra Sertaneja (ACOTERRA), na Escola Família Agrícola do Sertão (EFASE), é o som de uma tradição que atravessa gerações e de uma economia que se renova.
Deivid Pereira, agente de negócios da ACOTERRA, conhece bem cada etapa do processo. É ele quem explica como o pequeno fruto da Caatinga percorre um longo caminho até virar óleo, renda e aprendizado.
“O coquinho do licuri vem das comunidades extrativistas, principalmente de mulheres, que fazem todo o processo de coleta e secagem. Depois, ele passa por uma sequência de etapas, da retirada das cascas à quebra e separação da amêndoa, até chegar ao beneficiamento, onde é extraído um óleo de altíssima qualidade, com até 60% de pureza”, conta Deivid, com orgulho.
Muito mais que uma cadeia produtiva, o licuri é parte da identidade do semiárido. Seu aproveitamento, que antes era apenas artesanal, agora ganha estrutura e escala com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), por meio do Programa Bahia que Produz e Alimenta, coordenado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR/SDR).
A iniciativa tem transformado o modo de produzir e comercializar no campo. Até 2030, o programa deve apoiar 800 organizações produtivas em todo o estado, beneficiando cerca de 156 mil pessoas, metade mulheres e 20% jovens, com investimento de US$ 150 milhões, oriundos do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e do Governo da Bahia. Entre as metas estão incentivar agricultores a adotarem novas tecnologias, ampliar o valor das vendas e garantir mais acesso à água e infraestrutura produtiva.
Na prática, isso significa autonomia e reconhecimento para quem vive do licuri. “Antigamente, o óleo era usado de forma medicinal ou nos cabelos, como alternativa natural. Hoje, com o beneficiamento, conseguimos agregar valor e mostrar que o licuri pode gerar renda e oportunidades sem perder suas raízes culturais”, explica Deivid.
Em Monte Santo, o fruto que nasce resistente no sertão prova que sustentabilidade e tradição podem caminhar juntas. E, com o apoio do Governo da Bahia, o licuri segue firme, pequeno no tamanho, gigante no impacto.
Fonte: Ascom/SDR
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