
Hilton Coelho lembrou que, no início de outubro, o coordenador do Grupo de Trabalho da Reforma Administrativa na Câmara Federal, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), e o relator da proposta, deputado Zé Trovão (PL-SC), apresentaram um “relatório pacotão”, que, segundo ele, desenha “um agressivo processo de desmonte do serviço público”.
O parlamentar classificou a situação como “muito grave”, sobretudo pelas declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), de que pretende aprovar a PEC antes das eleições de 2026. “Devemos acender todas as luzes amarelas”, , alertou Hilton. “Motta já afirmou publicamente que quer aprovar essa reforma antes das eleições. Com nossa resistência, 15 parlamentares já retiraram suas assinaturas, mas precisamos de mais apoio para barrar esse projeto nefasto à população”.
O deputado destacou ainda que a aprovação da proposta pode significar o fim dos concursos públicos, a ampliação das terceirizações e o avanço de grupos empresariais sobre o aparelho estatal. “Fomos às ruas e derrubamos a PEC da Blindagem. Agora, precisamos mobilizar toda a sociedade, por meio de debates e organização popular, para impedir essa emenda constitucional que atinge o coração do serviço público”, afirmou.
FIM DA ESCALA 6X1
Durante o encontro, o público entoou o grito “Não é mole, não! Escala 6×1 é viver na escravidão!”, reforçando o apelo pelo fim da jornada semanal de seis dias de trabalho e um de descanso. Hilton classificou a reivindicação como um clamor nacional, afirmando que “a classe trabalhadora vive asfixiada no Brasil”.
A representante do Fórum Baiano de Enfermagem, Ana Carina Dunham, classificou as reformas trabalhista e previdenciária dos governos Temer e Bolsonaro como um “pacote de maldades” e conclamou a união da sociedade civil. “Esses temas são pautas convergentes da luta dos trabalhadores”, afirmou.
Já Luciana Liberato, diretora do Fórum em Defesa do Serviço Público, lembrou que é “através do serviço público que se distribuem igualdade e justiça social, especialmente para a população mais carente”.
O estudante e trabalhador de call center Fernando Pereira, coordenador do movimento Vida Além do Trabalho (VAT) na Bahia, apresentou dados que mostram o apoio de 70% da população brasileira à redução da jornada de trabalho. “Estudos apontam que a diminuição para até 36 horas semanais poderia gerar cerca de 4 milhões de novos empregos no país”, afirmou.
O vereador de Salvador Hamilton Assis (Psol) ressaltou que a PEC 38/2025 busca “aprofundar a privatização do Estado brasileiro, acabando com o serviço público gratuito e abrindo espaço para a exploração empresarial neoliberal”.
Devido a um compromisso externo, Hilton Coelho informou que precisaria se ausentar e decidiu transformar a audiência em um seminário, permitindo que os participantes da mesa e o público expressassem suas opiniões sobre a reforma e o fim da escala 6×1.
Entre os debatedores estiveram o procurador do Ministério Público do Trabalho da 5ª Região, Illan Fonseca; a professora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA, Graça Druck; a diretora do Comitê Baiano Contra a Escala 6×1, Ita Luz; o representante do Fórum de Proteção ao Meio Ambiente do Trabalho (Forumat), Antônio Lago; o representante da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB-BA), Mário Conceição; o representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT-BA), Luciomar Vita; e o representante da CSP-Conlutas, Vítor Pereira.




















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