Assembleia celebra surgimento do primeiro centro espírita do Brasil



A Assembleia Legislativa da Bahia sediou, nesta segunda-feira (13), no Auditório Jornalista Jorge Calmon, o ato comemorativo do surgimento do primeiro centro espírita do Brasil, o “Grupo Familiar de Espiritismo”, fundado em Salvador há 160 anos pelo jornalista e educador Luiz Olympio Telles de Menezes. O encontro, que reuniu dirigentes de diversos centros da capital e do interior, foi uma iniciativa da deputada Olívia Santana (PC do B), presidente da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Serviços Públicos da ALBA.


Sou defensora do Estado laico, porque possibilita que todas as religiões possam existir dignamente. Esta é verdadeiramente a Casa do Povo, e o povo tem muitas vozes diferentes de pensar o sagrado. Assim como abrimos as portas para evangélicos, católicos e candomblecistas, recebemos, com reverência, os simpatizantes da doutrina espírita”, saudou. Olívia lembrou que desde menina teve formação na fé espírita e enviou um abraço afetuoso aos irmãos e irmãs da mãe, Maria Santana, de 91 anos, “uma espírita kardecista que não pôde comparecer por estar acamada”.

A proponente da sessão ressaltou a relação entre religião e política, afirmando que seu mandato busca construir pontes entre as pessoas. “Que possamos derrubar as redes de ódio e construir pontes de afeto. Acredito que o país pode distribuir melhor a riqueza, ser menos desigual e garantir salários decentes. O Brasil, coração do mundo e pátria do evangelho, precisa de transformação social. O Espiritismo abre as portas para quem quer chegar, e três milhões de brasileiros já escolheram esse caminho”, afirmou Olívia Santana.


O ato homenageou também o bicentenário de nascimento de Luiz Olympio Telles de Menezes, nascido na Freguesia de São Pedro Velho, em Salvador, em 27 de setembro de 1825. Uma série de banners no foyer do auditório apresentou a cronologia do pesquisador, que dedicou sua vida à divulgação da doutrina. Luiz Olympio morreu no Rio de Janeiro, em 1893, aos 68 anos.


Luciano Crispim, presidente da Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB), expressou gratidão pelo legado do jornalista e lembrou Allan Kardec, codificador do espiritismo. “Foi ele quem sistematizou e propagou a doutrina, integrando religião, ciência e filosofia. Kardec entrevistou os mortos e demonstrou que a vida continua”, pontuou.


PIONEIRISMO DA BAHIA


Edinólia Peixinho, coordenadora do Projeto Memórias da FEEB, destacou o pioneirismo da Bahia em marcos religiosos, políticos e sociais no Brasil. Ela mencionou Porto Seguro, os padres Manoel da Nóbrega e José de Anchieta, o Palácio dos Governadores e o primeiro poço de petróleo em Lobato, acrescentando que Salvador também sediou o lançamento das primeiras sementes da doutrina espírita, em 1865, estabelecendo as bases do “Grupo Familiar de Espiritismo” na formação kardequiana em terras brasileiras.

Marcos Machado, coordenador do Sistema de Integração da Federação Espírita, informou que atualmente existem 700 centros espíritas na Bahia, atuando na divulgação dos princípios da doutrina e em projetos de educação, saúde e assistência social. Representando a Federação Espírita da Suíça, Gorete Newton considerou o evento “um dia sagrado para o espiritismo mundial” e lembrou da história da freira Joana Angélica de Jesus, que lutou pela Independência da Bahia.

Após o pronunciamento de Mário Sérgio de Almeida, presidente da Mansão do Caminho, o ato foi encerrado com a palestra de Geraldo Campetti Sobrinho, vice-presidente da Federação Espírita Brasileira. Ele ressaltou que a mensagem de Jesus se conecta à máxima de Kardec: “Fora da caridade não há salvação”, mostrando que a caridade representa a alma do espiritismo. “Neste dia especial, somos assistidos pela espiritualidade, que nos orienta a continuar, mesmo em tempos de crise, com a certeza de que a vitória do bem é certa”, concluiu.



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