
“Não devemos criar em casa aqueles que nasceram para viver na natureza.” A fala de Maria Gabriela, estudante de pedagogia da UFRB e integrante do Núcleo de Cidadania de Adolescentes (NUCA) de Amargosa, resume o sentimento que marcou o encerramento das ações de educação ambiental realizadas ao longo desta semana no município.
A campanha, promovida pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) com o apoio da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente (Seama), chegou ao último dia nesta sexta-feira (10), com uma atividade pública na Praça do Bosque e a entrega voluntária de três jabutis, que agora seguirão para reabilitação no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).
Durante cinco dias, o Programa de Educação Ambiental para a Conservação da Fauna Silvestre percorreu escolas, órgãos públicos e espaços comunitários, levando informações sobre o papel ecológico dos animais silvestres, os riscos do tráfico e da criação irregular, além da importância de denunciar práticas ilegais.
De acordo com a bióloga do Inema, Rosane Barreto, a resposta da população foi muito positiva. “Foram dias intensos de trocas e aprendizados. As pessoas se mostraram abertas, curiosas e dispostas a compreender o tema. Hoje encerramos com alegria por ver que os alunos e as comunidades entenderam que animal silvestre não é animal pet. Esse entendimento é um passo fundamental para a conservação da fauna”, salientou.
Segundo Marianna Pinho, também bióloga do Inema, o trabalho teve caráter educativo e preventivo. “Falamos sobre o papel ecológico desses animais, desmistificamos medos, como em relação às serpentes e sariguês, e reforçamos que só é permitido manter um animal silvestre em casa quando ele é proveniente de criadouro legalizado. Essas ações sensibilizam e ajudam a reduzir o tráfico e o cativeiro ilegal”, explicou.
A campanha também contou com um momento de diálogo com a Veterinária do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), Vanessa Santana, que abordou as doenças que podem ser transmitidas pelo contato inadequado com espécies da fauna e os cuidados necessários à reabilitação dos animais recebidos.
“Algumas espécies podem transmitir doenças graves por meio do toque, da caça e do consumo da carne. Além disso, tirar o animal da natureza causa desequilíbrio e sofrimento. Mesmo animais que viveram décadas em cativeiro podem ser reabilitados e devolvidos à natureza”, explicou Vanessa. “O mais importante é que a população compreenda que a entrega voluntária é um ato de responsabilidade e de amor à natureza”, reforçou.
Os jovens do NUCA também participaram ativamente das atividades e compartilharam percepções sobre o aprendizado. Para Gilmar Brito, a experiência foi transformadora. “Eu não sabia que os passarinhos ajudam a plantar árvores. Hoje entendi como eles são importantes pra gente e pro ar que a gente respira”, disse ele.
Já Lara Beatriz, estudante da rede municipal, reforçou o papel de todos na proteção da fauna. “A gente não deve matar nem prender os animais. Eles têm funções na natureza, ajudam a espalhar sementes, e se a gente ver algum crime ambiental, deve denunciar. É o certo a fazer”, concluiu.
A bióloga da Seama, Arielle Caiena, destacou a importância da continuidade do trabalho. “Amargosa tem uma biodiversidade muito rica, com áreas de Mata Atlântica e Caatinga. Essa campanha foi essencial para aproximar a população da fauna e mostrar que a convivência pode ser harmônica. Agradecemos ao Inema pela parceria e pretendemos dar continuidade às ações educativas, porque sabemos que outras entregas virão e queremos manter esse canal aberto com a comunidade”, afirmou.
Com o encerramento das atividades, os três jabutis entregues serão encaminhados ao Cetas, onde passarão por avaliação e reabilitação antes de retornarem ao ambiente natural. Para o Inema, o saldo da campanha foi de fortalecimento das redes locais e de avanço na sensibilização ambiental.
“O mais importante é que a população compreendeu a mensagem e abraçou a causa. Esse é o verdadeiro resultado: uma cidade mais consciente e comprometida com a vida silvestre”, concluiu Rosane Barreto.
Fonte: Ascom/Inema
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