
Em cerimônia concorrida, tendo como plateia de centenas de artistas, intelectuais, escritores, gestores e representantes de religiões de matriz africana e da católica, familiares e amigos, o secretário estadual de Cultura, Bruno Monteiro, foi condecorado pela Assembleia Legislativa da Bahia, na tarde desta quinta-feira (27), com o Título de Cidadão Baiano proposto pela deputada Fabíola Mansur (PSB).
O ato foi aberto pela presidente da ALBA, deputada Ivana Bastos, que solicitou à Ebomi Nice e bailarina do Malezinho, Morenah Moara, a introduzirem o homenageado ao recinto, sob o canto da cantora baiana Márcia Short, interpretando cantigas de terreiro e emocionando os presentes. Ela elogiou a iniciativa da deputada proponente, “que tem um olhar firme, sensível e generoso, compromisso com a cultura, amor pela Bahia e coragem para reconhecer quem faz a diferença”.
Conduzida pela deputada Fabíola Mansur, a mesa foi composta pelo homenageado; pela deputada federal, Lídice da Mata; a deputada estadual Maria del Carmen (PT); o vice-governador Gerado Júnior, o secretário do Meio Ambiente, Eduardo Martins; a procuradora de Justiça, Lícia Maria de Oliveira; a reitora da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), Adriana Marmori; a defensora pública do Estado, Laura Fagury; a presidente da Associação Cultural Asa Branca, Marizete Nascimento; o pároco da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Padre Lázaro Muniz; a Yá Nirerê da Casa Oxumarê, Ebomi Nice; o diretor da União dos Municípios da Bahia, Antônio Marcos Araújo Souza; a amiga Fátima Mendonça; o cantor e compositor Carlinhos Brown.
Segundo a presidente Ivana Bastos, a história de Bruno Monteiro com a Bahia não começou em um cargo, nem em uma nomeação, nem um anúncio de governo, mas, sim, no coração. “A sua porta de entrada para essa Bahia foi o carnaval, que é, talvez, a maior síntese do que somos. Ninguém está só, ninguém é estrangeiro, todo mundo pertence. Quem entende o carnaval, entende a Bahia, e você entendeu. Hoje, ao receber esse título, você não só se torna baiano por um papel, você se torna baiano porque esta terra o escolheu primeiro”, salientou.
TRAJETÓRIA
Em sua fala, Fabíola lembrou passagens da trajetória profissional do novo baiano, secretário de Cultura da Bahia, que atuou como chefe de gabinete nos ministérios de Direitos Humanos e de Políticas para Mulheres, além de assessor especial da Presidência, no governo da presidente Dilma Rousseff. Foi produtor cultural do documentário Democracia em Vertigem, participou do movimento 342 Artes, erguendo a voz contra a censura e em defesa da liberdade criativa; coordenou a comunicação do senador Jaques Wagner e na campanha que elegeu o governador Jerônimo Rodrigues.
“Bruno chegou à Bahia como quem entra em uma casa sagrada, com reverência, respeito e disponibilidade para aprender. Conheceu nossas raízes profundas, encontrou nossa gente na sua total vitalidade, pluralidade e complexidade — e se permitiu ser transformado por nós”, afirmou.
Sobre seu trabalho como gestor, a parlamentar apontou diversas ações, entre elas a reformulação e crescimento do Fundo de Cultura do Estado; a maior execução do Fazcultura da história; 70% de recursos dos editais para o interior. Também destacou o grande investimento aplicado em eventos literários, o crescimento gradual do Ouro Negro, que triplicou o valor em três anos; a dinamização e valorização do Pelourinho; o novo Museu de Arte Contemporânea da Bahia e a reabertura do Museu do Recôncavo após 25 anos; a criação da Bahia Filmes e reforma do Teatro Castro Alves.
Fabíola afirmou que, mais do quem um título, a honraria era a celebração de uma trajetória de coragem, sensibilidade e transformação de alguém que agora pertence à terra de Castro Alves, Jorge Amado, Anísio Teixeira, de Gil, Caetano, Gal, Bethânia, Caymmi, João Gilberto, Carlinhos Brown, Mãe Stella, Mãe Menininha do Gantois, Olodum, Araketu, Ilê Aiyê e Filhos de Gandy, entre outros.
“Essa mesma Bahia olha hoje para Bruno Monteiro e reconhece sua contribuição com gratidão verdadeira, concedendo-lhe o Título de Cidadão Baiano, um símbolo que carrega a alma de um povo inteiro. A Bahia lhe acolhe oficialmente, Bruno, e nós lhe celebramos de coração aberto. Não celebramos apenas um homem, celebramos uma história que se entrelaçou com a nossa”, elogiou.
Depois de receber o título, Bruno Monteiro manifestou profunda emoção e falou do vínculo com a Bahia que começou na infância, com a proximidade da sua casa com um centro de umbanda, frequentada por uma parte da família, sendo que a outra parte seguia a religião católica. “A Bahia veio nos ensinar que essa relação não só é possível, como é leve, como ela é linda e necessária”, disse.
Outro vínculo que o secretário teve com a Bahia aconteceu quando jovem, quando conheceu o carnaval pela televisão. “E foi o carnaval, foi a cultura que me acolheu, que foi aquela isca para a Bahia que me fez estabelecer uma relação que foi crescendo de forma muito concreta, de forma muito respeitosa. Porque a Bahia sempre foi um ensinamento de convivência, de acolhimento, de ancestralidade e de como as relações humanas podem se construir”.
Bruno lembrou o contato com a Bahia por meio do seu trabalho no governo da Presidente Dilma Rousseff “outra apaixonada pela Bahia”, quando conheceu o senador Jacques Wagner e sua esposa Fátima Mendonça, que se tornaram mais que amigos.
“Aí eu consegui, logo depois, conhecer os interiores, mergulhar nessa Bahia profunda, os territórios, a sua diversidade, todas as suas possibilidades, como a Bahia é divertida, como a Bahia é rica”, afirmou, destacando as festas de interior
Peça fundamental na campanha de Jerônimo Rodrigues, em 2022, o novo baiano falou da afinidade com o governador por conta das semelhanças das histórias de vida de ambos, oriundos de famílias humildes. “Tenho muito orgulho da campanha que nós construímos em 2022, daquela caminhada pela Bahia. E o filho do barqueiro venceu o neto do coronel, e governa esse estado”.
Por fim, Bruno Monteiro agradeceu à Casa pela reverência, ao governador Jerônimo Rodrigues “por poder servir ao estado baiano”, à sua equipe na Secretaria de Cultura, aos familiares, e aos amigos presentes ao evento. “Ao longo desses três anos que eu sou secretário, em alguns momentos, para criticar o meu trabalho, muitas vezes recorreram à xenofobia, usando um artifício que não combina com a Bahia, porque se a Bahia é mãe, que acolhe, a terra da diversidade, que não tolera preconceitos, que não tolera exclusão. Mas, para esses e essas, eu digo, a partir de hoje, podem procurar um outro argumento, porque, a partir de agora, esse já não cola mais, porque eu sou baiano também!”.
Na sessão, da qual também participaram a Banda Didá e os Filhos de Gandhy, o homenageado foi parabenizado virtualmente por amigos e familiares que não puderam estar presentes, a exemplo do senador Jaques Wagner, da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e do compositor e cantor Gilberto Gil.




















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