Estudantes da rede estadual celebram a cultura afro-brasileira com desfile de moda em shopping de Salvador


Estudantes da rede estadual celebram a cultura afro-brasileira com desfile de moda em shopping de Salvador
Estudantes da rede estadual celebram a cultura afro-brasileira com desfile de moda em shopping de Salvador

Foto: Ezequias Ramos/SEC

Depois de desfilarem nos corredores das secretarias estaduais da Educação (SEC) e da Saúde (Sesab), em celebração à cultura afro-brasileira dentro da campanha do Novembro Negro, estudantes do Colégio Estadual Clarisse Santiago dos Santos se apresentaram, nesta terça-feira (17), no Shopping Bela Vista. Voltado para a valorização da cultura, identidade e raízes do povo negro, o desfile de moda exibiu figurinos desenhados, customizados e costurados, no Ateliê Criativo Jovem em Ação, por alunos da unidade escolar situada no bairro do Arenoso, em Salvador, dentro do Programa Mais Educação, da SEC.

Conduzido pelo Percussão Tamborizada, grupo formado pela comunidade estudantil do colégio, o desfile trouxe à passarela montada na Praça de Alimentação do shopping modelos produzidos com materiais reciclados ou doados pela comunidade, sob o tema A Revolta dos Búzios, também conhecida como Conjuração Baiana. Esse movimento baiano liderado pelo povo negro foi estudado em sala de aula, junto à professora de História da unidade escolar, Marta Nogueira.

Orgulhosa de sua confecção, a estudante Beatriz Miranda Santos, 23 anos, 3º ano, falou da emoção em participar de um evento ligado ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. “Estarmos aqui, hoje, é muito importante para todos nós, porque é uma mostra de que podemos ocupar lugares como este com o nosso desfile de moda sustentável, resultado de um trabalho que realizamos no ano passado, na escola. Viemos para trazer o nosso brilho afro ao público”.

O estilista de moda e oficineiro Rey Vilas Boas falou sobre a importância da exposição do trabalho do Ateliê Criativo Jovem em Ação. “Estamos no Novembro Negro, que é um mês que fala de empoderamento e das pessoas pretas que foram invisibilizadas pela história. Este desfile, construído pelos próprios estudantes a partir de resíduos, traz essa visibilidade, bem como aborda temas importantes, como sustentabilidade e autonomia no ato de criar. Estarmos em um grande shopping, com um projeto produzido por alunos de uma escola da rede estadual, é muito significante”. O percussionista e oficineiro Rafiky completou afirmando que o trabalho realizado no Clarisse Santiago “é uma construção identitária que reforça nossa ancestralidade através dos sons da música”.

Valorização da história
Para Marcos César Guimarães, diretor do Colégio Estadual Clarisse Santiago dos Santos, a participação dos estudantes em um desfile de moda em um espaço privado, com uma temática voltada ao Novembro Negro, significa “unir educação, cultura, arte e música em uma ação para o desenvolvimento do protagonismo juvenil, da valorização da identidade afro-brasileira e da nossa história”. O gestor afirma, ainda, que o evento no Bela Vista representou uma grande conquista, fruto do esforço dos estudantes. “É muito gratificante para nós e este trabalho é o primeiro passo para o desenvolvimento do empreendedorismo juvenil, que é a grande aposta para o nosso colégio. E tudo isso só é possível através do programa Educar Mais Bahia, uma ação da SEC que viabilizou as escolas contratar profissionais que pudessem desenvolver esse projeto de valorização da comunidade e de seus potenciais”.

A professora de Biologia da unidade escolar, Thais Danila da Cruz, contou que os estudantes participam do ateliê de acordo com o interesse de cada um. “Tem alguns que vão para a costura, outros querem desfilar, há quem prefira fazer as pinturas dos tecidos. Por conta desse trabalho, a nossa escola foi convidada a participar da Feira de Ciências, Empreendedorismo Social e Inovação da Bahia (Feciba)”. A educadora acrescentou que a iniciativa eleva a autoestima deles e promove um resgate cultural do lugar onde vivem. “É importante eles entenderem a história local para compreender suas raízes como jovens periféricos, negros. Para isso, oferecemos a eles uma gama de atividades, com foco no pedagógico, evitando a evasão escolar e os comprometendo com a escola, a aprendizagem”.

Fonte: Ascom/SEC