ALBA concede Título de Cidadã Baiana à empresária Maria Celeste Dourado



A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) concedeu, na manhã desta segunda-feira (6), o Título de Cidadã Baiana à empresária Maria Celeste Miron Dourado. A homenagem foi proposta pelo deputado Ricardo Rodrigues (PSD), que, em seu discurso, destacou a “trajetória desta mulher excepcional”, que “não nasceu na Bahia, mas escolheu essa terra, abraçou nosso povo e ganhou o meu respeito e o de muitos baianos e baianas”.
Ao iniciar sua fala na tribuna do plenário Orlando Spínola, o parlamentar salientou que um dos grandes privilégios dos deputados estaduais é poder reconhecer o trabalho “dos homens e mulheres que deixaram sua terra natal para trabalhar, formar suas famílias, negócios e legados na construção do nosso Estado”.

A homenageada agradeceu “de coração a todos os deputados, especialmente a Ricardo Rodrigues, por me proporcionarem esta homenagem tão importante”. Emocionada, Maria Celeste se declarou “pernambaiana, porque nasci em Pernambuco, mas praticamente toda a minha formação foi na Bahia, principalmente em Irecê, uma cidade maravilhosa. A Bahia é a Bahia”, afirmou, ressaltando tratar-se de um estado que “oferece muitas oportunidades para o nordestino, para o pernambucano, o cearense, o alagoano, para virem e se transformarem em grandes empresários, como eu me tornei”.

Por esse acolhimento, ela agradeceu à população de Irecê, onde se estabeleceu e prosperou. Também fez questão de homenagear a família e o esposo, Zé Dourado, declarando-se “uma pessoa amada, realizada e de fé”. “Sou religiosa”, afirmou, lembrando que, após se afastar das atividades empresariais durante a pandemia, passou a se dedicar aos eventos e grupos da Igreja Católica, onde atua em diversas pastorais e trabalhos com idosos. “Enquanto sigo minha caminhada, vou colaborando como posso e pedindo sabedoria a Deus para servir com amor e realizar nossos sonhos.”

FÉ E SOLIDARIEDADE

A fé e a solidariedade de dona Celeste também foram destacadas por Ricardo Rodrigues. Segundo o parlamentar, apesar dos desafios e dificuldades, ela “manteve a cabeça erguida, continuou firme em busca do seu propósito” e criou a Associação Beneficente ao Ancião de Irecê (Abai), entidade de referência no cuidado e dignidade dos idosos “em toda a Bahia”. Celeste também dedicou parte de sua vida à pastoral da pessoa idosa, sempre “com um olhar humano e acolhedor”.
O padre Luiz Martins, pároco em Irecê, testemunhou que Maria Celeste é uma pessoa “que não pensa só em si mesma”, mas tem um olhar misericordioso sobre o outro. “Precisamos de gente assim, que pensa nos que precisam”, declarou.

Ricardo Rodrigues aproveitou o momento para resgatar a história da homenageada que, “como tantas outras mulheres, começou sua luta como feirante”, enaltecendo a visão empreendedora da nova cidadã baiana. “Ao lado do esposo, Zé Dourado, construiu família e empresas que geraram empregos e contribuíram para o crescimento da economia de Irecê e de toda a nossa região.”

O deputado lembrou ainda que “dona Celeste”, como é carinhosamente conhecida, chegou muito jovem a Irecê. “E, assim como minha mãe, dona Anice, ambas apaixonadas pela missão de servir, veio de fora para fazer da Bahia o seu lugar do coração.” Ele também revelou um amigo em comum: “o doutor Otto Alencar. Todas as vezes que ele ia à nossa região, fazia questão de se hospedar em seu hotel, o Golden Palace, empreendimento fundado pela família Miron Dourado e palco de muitas decisões políticas, um espaço que virou referência e ponto de encontro de lideranças por muitos anos.”

Ao concluir o discurso, o parlamentar afirmou: “Pelo seu legado, sua história e seu coração generoso, hoje a homenageamos aqui, na Assembleia Legislativa da Bahia. É a Bahia, é a região de Irecê, é todo o nosso povo agradecendo à dona Celeste por ter construído sua família, sua história e seu legado em nossa terra. Com sua trajetória que mistura fé e coragem, empreendedorismo e generosidade, esta Casa a recebe de braços abertos.”


Em nome da família, o filho Ronaldo agradeceu a homenagem, relembrando as lutas e a fé da mãe nos momentos difíceis. “O Título de Cidadã Baiana sela realmente a trajetória da guerreira Maria Celeste, da mãe Maria Celeste, da empresária Maria Celeste. Sou muito grato por tudo, pela vida dela e por ser seu filho”, declarou. Durante a solenidade, os filhos, representados por Rômulo, presentearam a mãe com um relógio, simbolizando o tempo e a durabilidade dos diamantes.
A cerimônia teve início com a homenageada sendo conduzida ao plenário por uma comissão formada pelos deputados Luciano Araújo (SD) e Raimundinho da JR (PL), acompanhados do padre Luiz Martins. O Coral da ALBA, sob regência do maestro Ângelo Rafael Fonseca, entoou os hinos Nacional e da Bahia na abertura e no encerramento da sessão especial, além da canção Asa Branca.


TRAJETÓRIA DE SUCESSO

Nascida em Afogados da Ingazeira (PE), Maria Celeste chegou a Irecê em 1970, após uma infância pobre e sofrida. Entre 1970 e 1971, trabalhou na lavoura, como lavadeira, costureira de sacos de feijão e milho, e quebradeira de pedras para concreto. Em 1972 conseguiu seu primeiro emprego como balconista de supermercado, onde conheceu José Otaviano Dourado.

Em 1973 passou a trabalhar como gerente do Armazém de Compra e Venda e “descobriu seu tino para o comércio e a veia empresarial”. Casou-se com Zé Dourado em 1975 e, dois anos depois, iniciou seu primeiro negócio — uma pequena bomboniere em frente à casa onde morava. Em janeiro de 1979 ampliou o empreendimento e passou a representar produtos do Grupo Coringa, de Arapiraca (AL).



Em 1982, ao lado do marido, começou a comprar especiarias como pimenta-do-reino, cravo, canela, erva-doce e urucum no Pará para revenda em Irecê e região. Surgiu então a ideia de beneficiar esses produtos e transformá-los em colorau e condimentos, vendidos no varejo.



Em 1983 fundou a Coimbra – Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda., primeira fábrica de colorau e condimentos do interior baiano, que também produzia fubá e farelo de milho. Suas empresas chegaram a gerar mais de 250 empregos diretos, tornando-se referência na região e consolidando Dona Celeste como uma das mais importantes empresárias de Irecê.



Em 1990 ampliou o negócio e lançou os Salgadinhos Kric’s, pioneiros na Bahia. Em 1989 reencontrou o pai, doente, em Fortaleza, e o levou de volta para Irecê, reforçando sua vocação solidária. Em 1991 fundou a Abai – Associação Beneficente ao Ancião de Irecê, que continua ativa até hoje.



Após enfrentar a perda dos pais e a doença do marido, retomou os estudos e concluiu o ensino médio em 1998. Em 2001 inaugurou o Golden Palace Hotel e Restaurante Ltda., um dos principais empreendimentos da cidade. Com a pandemia, encerrou as atividades do hotel em 2020, encerrando um ciclo de sucesso empresarial marcado por fé, trabalho e generosidade.



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