Adolescente negro teria sido acusado injustamente de furto e foi vítima de agressões. ameaças e tentativa de sequestro por seguranças de shopping onde fica unidade
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“Não quero te assustar, mas eu estou morrendo de medo, não consigo comer e dormir”. Esta foi a frase que a mãe de um dos meninos vítima do caso de racismo na unidade do Bompreço no Salvador Shopping ouviu do filho, após o ocorrido. Segundo ela, que pediu para se manter em anonimato por temer represálias, desde a situação, o jovem tem se mantido trancado em casa.
“No momento em que ele chegou em casa, no dia 19 [de janeiro], que conversou comigo, ele já chegou tremendo, chorando muito. Na hora, eu quis ir ao shopping, mas pediram para eu ir com calma e me levaram na delegacia, onde eu prestei queixa”, relata. “A gente registrou e ficou aguardando, enquanto meu filho não saía de casa, com medo de ficar na rua. Até que um dia eu deixei ele ir vender água para participar do campeonato”, lamenta.
Desempregada, ela não tem como custear a ida do filho aos campeonatos, por isso ele faz ações de arrecadação junto ao projeto social que participa. No dia 28, os seguranças que agrediram e ameaçaram de morte o adolescente no shopping o avistaram, ao lado dos dois amigos, vendendo o produto aos motoristas que paravam no sinal. No dia 29, os mesmos homens, acompanhados de outros, retornaram dentro de um carro e tentaram sequestrar o garoto.
“Eles voltaram e queriam levar o menino para apresentar à delegacia, dizendo que tinham provas que ele estava roubando no shopping. Eu tenho certeza que isso é mentira, meu filho não tem nenhum mau costume. O que ele estava fazendo [no shopping] era uma lista de ajuda para arrecadar contribuições que o permitam ir ao campeonato. Ele está sempre acompanhado comigo e não tem nenhuma queixa dele”, expõe.
Diante disso, a mãe, que diz estar muito preocupada, afirma que continuará deixando o filho em casa até o fim das férias, com medo do que possa acontecer. “Ele é muito estudioso, nunca perdeu de ano. Quando retornar à escola, vou ter que levar e buscar. Por enquanto, eu tenho que sair para vender rifa sem ele e isso está me afetando muito, também não consigo dormir direito”, revela.
O menino pratica jiu-jítsu, arte marcial, junto ao projeto social Boa Luta, na Boca do Rio. O professor e fundador do projeto, Yuri Carlton, foi quem denunciou a situação envolvendo três dos seus alunos, em um vídeo publicado nas redes sociais.
Depois da repercussão do caso, o grupo Big Bompreço, que administra o supermercado no Salvador Shopping, demitiu um funcionário e afastou os seguranças suspeitos das agressões, após abrir uma sindicância interna para apurar o que aconteceu no estabelecimento.
Metro1
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